O Projeto Manhattan
O Projeto Manhattan foi um programa de pesquisa e desenvolvimento que produziu as primeiras bombas atômicas durante a Segunda Guerra Mundial. Foi liderado pelos Estados Unidos, com o apoio do Reino Unido e Canadá.
Dois tipos de bomba atômica foram desenvolvidos durante a guerra: um tipo relativamente simples de arma de fissão, a Little Boy, foi feito utilizando urânio-235. Em paralelo com o trabalho com urânio, também houve um esforço para produzir plutônio, gerando a arma do tipo de implosão Fat Man.
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Little Boy e Fat Man foram utilizadas nos bombardeios atômicos de Hiroshima e Nagasaki, respectivamente. No jogo é feita alusão a essas bombas nas cartas de bomba Tom Boy e Fat Chance, respectivamente.
Dados do Jogo
The Manhattan Project é um jogo de 2 a 5 jogadores, com indicação etária 13+, do designer Brandon Tibbetts. Viktor Csete, Clay Gardner, Sergi Marcet são os responsáveis pela arte - e que arte! O trabalho ficou ótimo!
The Manhattan Project é de 2012 e saiu pela Minion Games. No Brasil, veio pela Pensamento Coletivo. Usa mecânicas de alocação de trabalhadores, compra fechada, corrida, e o famoso “toma essa”. Um dado importante: é totalmente independente de idioma.
O Jogo
The Manhattan Project não é o que podemos descrever como um jogo politicamente correto, sendo baseado em uma parte da nossa história que, mesmo triste, nos mostra erros passados que não podemos repetir no futuro.
O jogo consegue adaptar o que se passou durante o Projeto Manhattan: a busca por mineração eficiente de yellowcake, a necessidade de cientistas, engenheiros e mão de obra para criar as bombas de uma forma rápida.
Obviamente que, se tratando de um jogo de tabuleiro competitivo, temos que tomar cuidado com ataques aéreos dos oponentes, com espionagem, por vezes contra-atacar, fazer testes em bombas de plutônio, carregar as bombas nos aviões, etc. Enfim, tudo o que envolveu o Projeto Manhattan é muito bem representado neste jogo.
O tabuleiro principal do jogo traz quase todos os locais em que alocamos nossos trabalhadores. Digo “quase” porque temos um tabuleiro individual em que podemos alocar nossos trabalhadores também.
Jogar The Manhattan Project é realmente simples considerando as mecânicas, mas é altamente mental considerando as estratégias. Basicamente, você aloca trabalhadores ou retira os trabalhadores. Obviamente, existem as ações livres, mas elas costumam ser bem simples.
E o bacana é que o Tabuleiro Principal mostra as ações bem claramente: basta "bater o olho" para já perceber o que fazer e o que receberá em troca da sua alocação de trabalhador. Basicamente, você estará minerando yellowcake para produzir urânio e plutônio, a matéria-prima das bombas. Entretanto, no tabuleiro principal a produção é pequena e por vezes cara, pois exige dinheiro ou trabalhadores específicos.
The Manhattan Project é assertivo nos tipos de trabalhadores para cada função. Temos trabalhadores comuns, cientistas e engenheiros.
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O trabalhador comum é o famoso “pau para toda obra”. Já o cientista e o engenheiro são requisitados em alguns locais específicos, e nisso também o jogo acerta.
Vejamos: para a mineração e as construções, o engenheiro é muito requisitado. Já nos reatores e no enriquecimento de urânio, os cientistas são indispensáveis (aliás, não há uma bomba que não necessite de um cientista em sua construção, mas os engenheiros só ajudam em algumas). Note o balanceamento entre os trabalhadores: isso é muito bacana.
Os requisitos no tabuleiro são claros quanto aos tipos de trabalhadores necessários para cada ação, e o fato de tudo ser muito bem representado na arte ajuda demais e o torna independente de idioma, como já dito.
Mas nem tudo são flores: dependendo da quantidade de jogadores, você inicia só com trabalhadores comuns ou apenas 1 engenheiro ou 1 cientista. O que fazer, então? Simples, manda essa galera, os trabalhadores comuns, para a faculdade! O engraçado é que eles podem sair de lá formados como engenheiros ou cientistas, ou apenas com mais amigos. Isso mesmo! Ele ficou por lá e só trouxe mais amigos, ou seja, trabalhadores comuns. É de lascar! Isso pode acontecer em uma das 3 universidades públicas; já na privada é garantido sair de lá como um engenheiro ou cientista.
Basicamente, quando você tem os trabalhadores certos e yellowcake, é hora de produzir urânio e plutônio. Também é hora de escolher a planta de bomba que deseja construir e correr atrás, mas essa ação também tem seus detalhes. Quando seu cientista e engenheiro se juntam para escolher uma planta de bomba, os seus concorrentes também podem escolher uma planta de bomba graças à sua ação. Então, faça isso na hora certa.
Obviamente, nesse jogo o dinheiro também faz a diferença. Você usa grana para minerar, estudar em faculdade privada, reparar danos nas suas construções, na usina de enriquecimento de urânio, para carregar bombas nos bombardeiros e para espionar. O dinheiro comanda os negócios!
Em Manhattan Project, é possível resolver tudo nas ações do tabuleiro principal, mas as ações não rendem tanto quanto se você construir coisas com mesmas funções em seu tabuleiro individual. Isso é altamente estratégico, pois no seu turno você pode alocar somente 1 trabalhador no tabuleiro principal e quantos quiser no seu tabuleiro individual.
Assim sendo, se usar somente o tabuleiro principal, você fará pouca coisa no seu turno - apenas uma, para ser mais exato.
Para resolver isso, o negócio é construir. O engenheiro é primordial nesse momento, pois ele consegue realizar algumas construções gratuitamente. As construções disponíveis potencializam demais as ações disponíveis no tabuleiro, ou seja, mineram mais, formam mais trabalhadores, dão mais dinheiro, geram mais urânio e plutônio, e por aí vai. Fique de olho nisso!
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Obviamente que, quando você está prosperando em seu tabuleiro individual, cuidar do seu espaço aéreo é vital. Investir em caças, para se proteger de ataques, e nos bombardeiros, para atacar o oponente quando necessário, é muito importante. Cuide de crescer (em seu tabuleiro individual) e se desenvolver (nas defesas no espaço aéreo).
Enfim, você pode e provavelmente irá ser atacado. O que fazer depois disso? Há uma área de reparo de construções - pago, obviamente.
Outro fato que acontece quando você cresce é que os seus oponentes podem (e irão) espionar e infiltrar trabalhadores deles nas suas construções. E o pior? Não há nada que você possa fazer contra isso, senão manter suas construções ocupadas com seus trabalhadores, ou seja, sem espaço ocioso para possíveis espiões. Eu adoro essa possibilidade no jogo. Deixa uma tensão boa no ar.
Quando você já não tem mais trabalhadores para alocar, só lhe resta recolher seus trabalhadores. Essa ação dá uma sensação de turno perdido, mas faz parte do jogo. Use isso na hora certa. É nessa hora que todos voltam para ficarem à sua disposição, inclusive voltam para você seus trabalhadores que estavam como espiões em construções dos oponentes. Eles lhe agradecerão quando retirá-los da construção deles.
Sobre o que as ações livres são, elas remetem à construção de fato das bombas, gastando matéria-prima, urânio ou plutônio, dependendo da bomba, e com os trabalhadores específicos; assim se constrói a bomba. As bombas, além de construídas, o que dá ponto para ganhar o jogo, ainda podem dar mais pontos, então vamos entender como.
As bombas de plutônio tem uma particularidade: elas são mais complexas do que as bombas de urânio, e por isso precisam ser testadas. Como fazer isso? Você terá que realizar um teste de implosão.
Basicamente, você terá que desperdiçar uma das suas bombas de plutônio construídas, ou seja, perder seus pontos, mas em troca, ganhar os pontos de testes de implosão e a partir de agora você garante que suas bombas de plutônio são eficientes e dão mais pontos. Isso fica claro na carta de bomba de plutônio - ela tem 2 tipos de pontuação, antes e depois do teste de implosão.
Você ainda pode carregar as bombas construídas em seus bombardeiros e isso também lhe dará pontos.
Basicamente, isso é um turno de Manhattan Project.
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Fim da Partida e Pontuação
O jogo termina imediatamente quando um dos jogadores atinge um número de pontos que varia conforme o número de jogadores, mas no mínimo, 2 bombas tem que ser construídas. É impossível ganhar sem ter no mínimo 2 bombas construídas.
Para atingir a pontuação necessária, some também seus pontos de teste de implosão e de bombas carregadas nos bombardeiros.
Dicas Estratégicas
The Manhattan Project tem tantos locais para alocação (e isso é bom) que praticamente tem uma estratégia para cada local do Tabuleiro Principal. Vamos lá!
A primeira coisa a ficar de olho, como eu já disse aqui, é saber qual trabalhador usar em qual momento da partida. No início, eu iria de engenheiro, para formar logo os engenheiros na faculdade para minerar e construir meus próprios prédios.
Os cientistas são necessários nos reatores, no enriquecimento de urânio e indispensáveis na construção das bombas. Eu os formaria em segundo plano, mas sempre de olho no tabuleiro, pois, se o jogo estiver acelerado, conseguimos agilizar a produção de bombas só com cientistas, então isso é muito importante.
Se ligue: no seu turno, você só pode alocar 1 trabalhador no Tabuleiro Principal, e os demais podem ser alocados no seu Tabuleiro Individual, na construção de bombas ou como espiões. Eu digo isso, pois, se você não tiver construções próprias, você ficará com trabalhadores ociosos no seu turno e isso é péssimo. Construa!
Quando fizer “sua máquina girar”, é hora de se ligar em defender seu espaço aéreo, e investir em mais caças e bombardeiros se torna essencial. Os caças nos defendem contra os ataques dos oponentes; os bombardeiros, além de servirem como contra-ataque, são usados para carregar as bombas, o que dá mais ponto para finalizar o jogo.
Quando construir sua primeira bomba de plutônio, se optar por ela, construa uma de baixo custo, assim você já pode fazer um teste de implosão e não perder tanto ponto da bomba testada. A hora de fazer o teste de implosão tem outros impactos. Os testes dão mais pontos para quem os faz primeiro, ou seja, fazendo antes, ganha mais ponto pelo teste.
Atacar os oponentes não deve ser uma estratégia sempre presente. Digo isso, pois isso toma tempo e gerará retaliação. Só use essa estratégia se notar que seu oponente está realmente eficiente em suas construções e está realmente preparado para construir uma bomba em breve, mas no geral não indico focar nisso. Realmente cuide de se defender, pois isso é bom, sempre!
A grana, ou seja, conseguir dinheiro, é sempre útil, pois tudo custa algo no jogo. Tem ações que não custam nada, e outras podem ser usadas com os trabalhadores corretos, portanto sem custo, mas quando esses locais estão sendo usados, só nos resta pagar pelo local. Isso acontece na mineração, na faculdade, quando for reparar suas construções, para enriquecer urânio, carregar bombas e para espionar. Tenha sempre uma boa reserva de dinheiro, pois ele esgota fácil: quando você se dá conta, acabou!
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Quanto a acumular plutônio e urânio, a melhor estratégia é acumular. Lembre-se que tem um limite, mas recomendo acumular e construir as bombas de uma vez só. Eu aprendi essa dica estratégica da pior forma; fui surpreendido por um oponente enquanto eu estava com dificuldades e fui construindo as bombas gradativa e lentamente. Me lasquei! Acumule e construa de surpresa.
Falando da construção de bombas, você tem que escolher a bomba que irá construir, e isso também é altamente estratégico. No jogo, sempre fica um número de bombas disponíveis igual ao número de jogadores +1, ou seja, quando você decide escolher qual bomba construir, você pega todas as cartas, escolhe uma, passa as restantes para o jogador a esquerda, e assim vai até que reste uma carta que volta para você. Você fica com as duas, ou seja, escolha bem a sua primeira bomba, pois assim terá a ideia de qual bomba seus oponentes escolheram e sobrará mais uma, do seu gosto ou não, para você construir.
Eu digo que isso é estratégico, pois você pode estar de olho do que os seus oponentes têm mais (plutônio ou urânio) e optar por atrapalhá-los e ficar com a bomba que exige o que eles têm mais, pois assim você atrasa o jogo deles. É o famoso “toma essa”!
The Manhattan Project te faz ficar de olho no jogo o tempo todo, nos Tabuleiros Principal e Individual. Uma leitura de tudo isso te fará vencer no jogo.
Unboxing e Vídeo de Regras
Confira a seguir o unboxing de Manhattan Project.
Conheças as regras em detalhes com o vídeo a seguir:
Dicas Pedagógicas
The Manhattan Project, por ser um jogo que simula fatos históricos, mesmo que trágicos ou politicamente incorretos, nos tem muito a ensinar sobre tecnologia, história e programação.
Sobre tecnologia, ele mostra o ciclo completo e organizado, em sua ordem lógica, da construção de uma bomba e os materiais utilizados na oportunidade.
História - é aqui que o jogo se destaca pedagogicamente. Ele retrata fielmente todo o ciclo do conhecido Projeto Manhattan em suas minúcias: o uso da mão de obra, como tudo se deu, as instalações necessárias para a produção, e como tudo aconteceu. Infelizmente, há partes da nossa história que queríamos que não tivesse acontecido. Mas quando acontecem, não podemos deletar, e sim, aprender com os erros para não repeti-los.
Sobre programação, destaco a ordem sequencial e lógica de ações necessárias para construir algo, no caso do jogo, bombas. Sem um planejamento programado e pensamento a longo prazo, não é possível ter sucesso nem em Manhattan Project, nem na vida.
Aproveite o que Manhatan Project tem para te oferecer pedagogicamente e se divirta!
Recomento The Manhattan Project na sua coleção!!!
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