Magic: the Gathering

Opinion

Chama o Juiz: 5 Regras que Mudaram o MTG e seus motivos!

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Neste artigo, o Juiz Antônio aponta cinco momentos da história do MTG que implicaram em mudanças importantes nas regras!

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revised by Tabata Marques

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Introdução

Olá, pessoal!

Como sabemos, muitas vezes as regras do Magic mudam. Seja para adequar a novidades do design, para simplificar determinadas interações, para corrigir algum problema das regras, e inclusive para “atualizar” determinados procedimentos em torneios.

Vamos falar então de algumas situações que geraram, posteriormente, mudanças importantes na regra do jogo! É curioso quando fazemos esse olhar “histórico” e percebemos como o jogo mudou - e, ao mesmo tempo, pensamos também “nossa, mas como essa regra não foi sempre desse jeito??”

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Selecionei cinco situações bem interessantes, cada uma em momento bastante diferente - temos mais de vinte e sete anos de intervalo entre a mais recente e a mais antiga. Vamos nessa!

5 Regras que Mudaram o MTG e seus motivos

Decklists em torneios de lista aberta e apresentação da lista errada - 15/04/2024

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Uma coisa bem bacana dos eventos competitivos recentes tem sido a flexibilidade na apresentação de decklists em formato digital. Isso também permitiu outra novidade - torneios com decklist “aberta”, ou seja, em que você pode saber o conteúdo do baralho de seu oponente antes da partida!

Contudo, algumas situações incomuns podem ocorrer nessa estrutura - por exemplo, os jogadores terem consigo uma decklist impressa (para facilitar a apresentação dela ao oponente antes da partida - e de quebra economizar uma bateria no smartphone, o que é sempre bem-vindo!) e, por desatenção, ficarem com a decklist de outra pessoa. Aí, na rodada seguinte, sem perceber, você apresenta a decklist errada para seu oponente - mas o erro, claro, só vai ser descoberto quando vocês iniciarem o jogo em si e seu oponente perguntar “ei, de onde veio essa Fastland Boros? A lista diz que você está com um deck Dimir…

Essa situação ocorreu em torneios pelo mundo (inclusive aqui no Brasil), e em número suficiente para a Wizards resolver então responder e atualizar o guia de infrações de acordo: em torneios REL Competitivo, apresentar a decklist errada em torneios de lista aberta acarreta uma perda de jogo (“game loss”) para a pessoa.

Fica a dica pra galera que vai jogar o Showdown daqui algumas semanas em São Paulo, hein?!

Sideboard e alteração da quantidade de cartas no maindeck - 23/05/2013

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Vamos dar um salto de 11 anos agora, e lembrar de uma mudança de regra que com certeza punia o pessoal mais “desatento” - o número de cartas no deck pós-sideboard.

Até a mudança, em 23/05/2013, o número de cartas no seu “maindeck” era considerado fixo. Se você, no Jogo 1 de uma Partida, apresentasse X cartas para o oponente, no Jogo 2 (após o sideboard) você obrigatoriamente tinha que apresentar X também - ou seja, o sideboard era feito “1 por 1” - cada carta que entrasse tinha que ter uma carta saindo. Caso fosse apresentado um número “incorreto” após o sideboard, era considerado um deck ilegal, e a penalidade prevista no Guia de Infrações era uma Perda de Jogo!

A situação que ficou famosa na época foi a seguinte: no Pro Tour Avacyn Restored (formato: Bloco Construído de Innistrad), durante o Top 8 (transmitido ao vivo), o famoso Jon Finkel enfrentava o então “novato” Alexander Hayne. A partida está 2-2, e os jogadores estão se preparando para o quinto e decisivo jogo, que definiria quem avança para a semifinal.

Hayne, visivelmente nervoso, apresenta o deck e, enquanto Finkel corta, dá uma rápida olhada no sideboard e verifica que está com 13 cartas, e que apresentou 62 para Finkel. Hayne chama o juiz, explica o ocorrido, mas sabe que apresentou um deck considerado ilegal para a regra da época. Finkel, inclusive, “apela” para que o juiz-mor não aplique a perda de jogo, pois queria de fato jogar e não vencer no Top 8 por uma questão “técnica”. Como o próprio Hayne identificou o problema e chamou o juiz a tempo, foi aplicado um downgrade e a penalidade ficou apenas um warning. Hayne retira as 2 cartas “a mais”, reapresenta o deck, e o jogo segue (spoiler: Hayne acaba vencendo o torneio, com o baralho que depois fica famoso, o “UW Miracles”).

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Esse caso ficou famoso (inclusive, pela demonstração de esportividade de Finkel), mas com certeza não foi a única ocorrência do tipo, e a Wizards promoveu então a alteração na regra em maio de 2013: desde que pós-sideboard tanto o seu deck como o seu sideboard permaneçam válidos (ou seja, em formatos Construídos, um deck com no mínimo 60 cards e um sideboard com no máximo 15 cards), considera-se legal o deck apresentado.

Combate e declaração de atacantes - 07/07/2017

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Avançando 4 anos, durante o Pro Tour Revolta do Éter, em julho/2017, uma situação chamou muito a atenção dos espectadores na 8ª rodada do torneio, que foi transmitida na íntegra pelo Coverage oficial.

O jogador César Segovia, do Panamá, com um BR Aggro-Veículos, enfrenta Thien Nguyen, dos EUA, com um BG Midrange-Constrictor - ambos 7-0 até então. No primeiro jogo, em dado momento César desce um Weldfast Engineer, pergunta “Combate?” e recebe o “ok” do oponente. César aponta para seu Heart of Kiran, vira o Engenheiro e anuncia o ataque com as criaturas e o veículo. Thien balança a cabeça e chama o juiz, indicando que o oponente anunciou “Combate”, e estava tentando tripular o veículo para então atacar.

Pode parecer estranho hoje, mas a regra da época dizia que quando um jogador anunciava apenas “combate”, não estava anunciando uma mudança de fase (da Fase Principal para o início da Fase de Combate) e sim um “salto” direto para a Etapa de Declaração de Atacantes! Ou seja, em que pese ter demonstrado a intenção de tripular e então fazer seu ataque, o fato de César ter anunciado claramente “Combate?” o enquadrava na situação prevista na regra de então. César teve que seguir seu ataque sem o veículo tripulado, e acaba perdendo o jogo (mas -alerta de spoiler- acaba vencendo a partida com 2-1).

Várias discussões varreram as redes sociais na época, abordando desde os problemas com barreiras de língua (já que a regra previa um uso específico em inglês, que não necessariamente seria o mesmo para países que não tem no inglês o idioma principal) até o fato do design do jogo cada vez mais incluir efeitos que desencadeavam “no início do combate”, tornando a etapa de início de combate cada vez mais importante.

Fato é que, em julho de 2017, a regra envolvendo este atalho foi alterada, e declarar “Combate” indica que a pessoa quer passar prioridade para sair da fase principal e entrar na fase de combate (antes de declarar atacantes).

Terrenos atrás, criaturas à frente, virados para você (e nada de esconder suas Dryad Arbor!) - 23/04/2018

Logo no ano seguinte, em abril de 2018, mais uma mudança interessante ocorreu, e sem dúvida resultado cada vez mais da “streamização” do jogo. Surgiam cada vez mais eventos com stream além da oficial, e isso mostrou a importância de atualizar algumas regras referentes ao posicionamento das cartas na mesa.

Embora já houvesse um entendimento que “terrenos atrás, não-terrenos à frente” era o formato mais propício tanto para os jogadores como para a cobertura de eventos (já que as cartas mais relevantes ficam mais próximas, e os combates ocorrem de forma mais fluida, sem as criaturas “saltarem” da fileira de terrenos), não havia uma regra oficial determinando que o posicionamento fosse este ou aquele.

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Em fevereiro daquele ano, durante o Grand Prix Lyon (evento Modern com cobertura completa de vídeo), o Hall of Famer Gabriel Nassif, de BR Hollow One, enfrenta Thomas Langlotz, de Bogles. Em determinado momento do primeiro jogo, Thomas já está com um Slippery Bogle e várias auras, baixa uma Dryad Arbor da edição From the Vault (que é basicamente o desenho e símbolo de uma floresta básica com a caixa de poder/resistência 1/1 abaixo à direita) e passa o turno. Nassif joga seu turno normalmente, anuncia seu ataque e usa criaturas voadoras e uma criatura com ameaçar, achando que o oponente tinha apenas o Bogle para bloqueio. Eis que a Dríade salta dos terrenos pronta para bloquear junto, dando a vantagem no contra-ataque para Thomas.

Com certeza não foi a única situação do tipo, mas foi uma exposição enorme sobre a questão, e em abril houve então a atualização das regras de torneio, estabelecendo oficialmente que os terrenos devem ficar “atrás”, não-terrenos à frente, e na ocorrência de cartas que tenham os 2 tipos (por exemplo, a Dryad Arbor), devem ficar sempre à frente, junto das criaturas.

Ordem para conjurar mágicas / pagar mana e a “revolta dos jogadores” - 03/03/1997

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A situação que merece o primeiro lugar foi tão “no início” do jogo que, até onde se sabe, não existe registro em vídeo do evento. Até a presente data, o Pro Tour Los Angeles de 1997 ainda é o único torneio de nível profissional que foi decidido numa desqualificação. Estamos falando de história bem antiga! Preparem-se!

Como mencionei no início desse artigo, as mudanças nas regras sempre ocorrem para adequar o jogo ao design e forma como é jogado. A ideia sempre é incentivar que as pessoas joguem de forma adequada, e não determinar desnecessariamente ordens/etapas que só tragam complexidade.

Uma das regras prevalentes no início do jogo era que você precisava gerar mana com seus terrenos e afinas antes de conjurar suas mágicas. Inclusive, era considerado uma penalidade anunciar uma mágica sem o mana adequado para conjurá-la!

E, bem, foi infelizmente o que aconteceu na final do Pro Tour Los Angeles, em março de 1997, quando David Mills (que já havia recebido diversos Warnings dos juízes ao longo de todo o torneio pela ofensa), empolgado com a jogada que definiria a partida, anuncia sua mágica, mas não vira os terrenos antes para ter a mana necessária. Em plena final, foi declarada a desqualificação do jogador, pela contínua repetição da infração, mesmo tendo recebido os avisos e penalidades anteriores.

Houve uma enorme comoção entre os demais participantes do Pro Tour, que deixaram clara sua insatisfação, chegando até a interromper a cerimônia de premiação. No final, a desqualificação foi mantida (dando o título de campeão para Tommi Hovi), mas foi permitido a Mills manter a premiação e a segunda colocação.

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Logo após o Pro Tour, houve a alteração na regra, permitindo que “gerar a mana / anunciar a mágica” pudesse ocorrer em qualquer ordem.

Finalizando

Bem, espero que tenham curtido o artigo!

Foi sem dúvida um exercício de memória e de história escrever sobre esses acontecimentos, e acho bem interessante ver como esse jogo que tanto gostamos evoluiu ao longo do tempo. Que venham muitos anos ainda, e com eles as mudanças também!

Abraço e até a próxima!

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