Review de Istanbul – Fazendo comércio na maior cidade da Turquia

Se estiver buscando um jogo divertido, cheio de reviravoltas e estratégico, Istanbul é o seu jogo! Em Istanbul você irá liderar um mercador e alguns assistentes, dentre eles, um é seu familiar. Gerencie suas negociações os enviando para os locais certos, na hora certa, e consiga o que tanto procura: rubis.

O comércio está a pleno vapor e você tem que aproveitar as oportunidades que estão ao seu alcance tentando otimizar as oportunidades com seus comerciante e assistentes. Para complicar, seu familiar está preso, isso mesmo, preso! Um a menos para te ajudar. Como fazer para ser o comerciante mais próspero de Istanbul? Pegue seu carrinho de mão e vamos lá!

Istanbul é a maior cidade da Turquia e a 4ª maior do mundo, rivalizando com Londres como a mais populosa da Europa. Atualmente, embora a capital do país seja Ancara, Istambul continua a ser o principal polo industrial, comercial, cultural e universitário do país. A cidade ocupa ambas as margens do estreito do Bósforo e do norte do mar de Mármara, os quais separam a Ásia da Europa no sentido norte-sul, uma situação que faz de Istanbul a única cidade que ocupa dois continentes.

Algumas zonas históricas da parte europeia de Istanbul foram declaradas Patrimônio Mundial pela UNESCO em 1985. Istanbul foi sempre o centro da vida econômica da Turquia, sua localização fica em uma encruzilhada de rotas comerciais internacionais terrestres e marítimas. A metrópole é igualmente o maior centro industrial e financeiro da Turquia, onde estão cerca de 20% dos empregos na indústria e 38% da área industrial do país.

Istanbul é um board game que tem como mecânicas movimento em grades, pegar e entregar, rolagem de dados e tabuleiro modular. Com 4 formas diferentes de setup, Istanbul vai de 2 a 5 jogadores com idade mínima de 10 anos onde o objetivo é coletar mais rubis que o oponente no menor tempo possível.

O designer de Istanbul é Rüdiger Dorn e o artista é Andreas Resch. O jogo recebeu muitos prêmios, dentre eles destaca-se o Kennerspiel des Jahres em 2014. No Brasil, Istanbul veio pela Grow.

Imagine um centro comercial fervilhando de oportunidades, mercado oscilando de acordo com a oferta e a demanda, você com seu carrinho de mão correndo atrás de dinheiro, negociando especiarias, joias, frutas, tapetes, apostando em jogos de azar, gerenciando seu mercador e assistentes. Para ajudar você tem um familiar, mas que está preso, ou seja, um ajudante a menos, e todos esses ingredientes misturados precisando ficar em sintonia para que você consiga adquirir rubis mais rapidamente que seus oponentes. Esse é o cenário de Istanbul!

Em Istanbul todos os jogadores recebem 1 mercador, 5 assistentes e 1 familiar, que como já disse, está preso, ou seja, por enquanto, sem serventia. Você já começa o jogo procurando otimizar seu mercador, orientando-o a ir aos locais onde estrategicamente lhe façam ganhar mais bens possíveis e assim convertendo-os em rubis o mais rápido possível, a velocidade aqui é frenética!

Lembrando que Istanbul tem 4 setups diferentes, sendo um deles randômico, o que garante sempre jogos totalmente diferentes, aumentando assim a rejogabilidade deste jogo maravilhoso. Eu fiz questão de frisar isso, pois não existe uma receita de bolo para vencer em Istanbul, ele mescla a sorte dos dados com a estratégia perfeita para otimizar e transformar todas suas ações em rubis no menor tempo. Falei do menor tempo novamente, isso fará sentido lá no final.

Quando você decide enviar seu mercador para algum local em especial, ele pode andar uma quantidade de espaços limitados, fato que exige mais estratégia ainda, sem contar que se ele der de cara com outro mercador no local tem que pagar uma taxa extra. É, em Istanbul ninguém perdoa nada!

Enquanto seu mercador se movimenta, ele vai deixando seus assistentes pelo caminho executando as tarefas exigidas, o fato é que depois você tem que sair “catando” seus assistentes novamente para poder levá-los a outros locais. Eles não vão à lugar algum sem que seu mercador os leve. Acontece que há momentos que seus assistentes estão tão espalhados que se perde muito tempo buscando-os, por isso uma rota bem traçada faz toda a diferença para não se perder tempo. Olha o tempo chamando a nossa atenção novamente.

No comércio louco de Istanbul tem de tudo, desde local para você melhorar seu carrinho de mão, (fazendo caber mais coisas nele), correios, fonte, casa de chá (para suas apostas), delegacia (onde seu familiar está preso), o Palácio do Sultão, mesquitas, locais para negociar rubis e até mercado negro.

Aliás, seu familiar só será solto se você enviar seu mercador até a delegacia para bater um papo com a autoridade local; após isso, você pode inclusive enviar seu familiar para qualquer lugar de Istanbul para executar uma tarefa para você. Agora, se outro mercador encontrá-lo, pode ser que seu familiar esteja novamente praticando algo duvidoso, e o outro mercador pode enviá-lo novamente à polícia. Mas que vida bandida!

Um detalhe bacana do comércio de Istanbul é que o próprio Governador fica perambulando por lá, e encontrá-lo e buscar sua atenção pode lhe render bons negócios. Quem também fica perambulando por lá é um famoso contrabandista, e é possível conseguir de tudo com ele. Aproveite, mas tudo tem seu preço, desde vantagens com o Governador até com o contrabandista. Esse é o agitado comércio de Istanbul.

Em Istanbul, como eu já adiantei, não há receita de bolo, há muitos caminhos que podem ser trilhados para se conseguir os tão desejados rubis. O que parece ser mais convidativo e sensato é buscar o que está mais fácil e mais perto, se buscar apenas um desses ingredientes você pode perder tempo. Perder tempo buscando o que é mais fácil e está mais distante ou ficar com o que está mais perto e mais difícil de se conquistar. Então tentar unir o útil ao agradável nunca foi tão verdade em Istanbul.

Onde se tem movimentos limitados e muitas opções, um bom planejamento de ações é extremamente importante.

Eu já perdi as contas de quantas partidas de Istanbul eu joguei, foram muitas, mas o mais bacana é que sempre são diferentes. Eu, na verdade, por ser muito pragmático fico usando uma estratégia que já se mostrou não tão eficiente a curto prazo, mas insisto. Eu vou demais na coleta dos materiais para vender no mercado negro. Com isso sempre tenho mercadoria para ou ir para o mercado negro e se precisar uso para comprar rubis.

Mas e qual o defeito disso? A longo prazo isso é perfeito, mas tenho que ser honesto, Istanbul, grosseiramente falando, é um jogo de corrida. Ou seja, estratégias de longo prazo tendem a não funcionar muito bem quando se joga com jogadores experientes que tão logo compram os rubis e finalizam a partida, ou seja, você pode estar cheio de mercadoria e não vencer o jogo. Assim sendo, maximizar as coisas, como já dito, ajuda demais, eu é que sou teimoso!

Istanbul ser lembrado como um jogo "de corrida" é pejorativo? Sim e não. "Sim" pois tem vários outros jogos com essa característica e que acabam da mesma forma, é meio frustrante, afinal, você pode nadar e morrer na praia. E também "não" é pejorativo, pois essa é realmente a proposta e o que torna Istanbul interessante, os vários caminhos para essa corrida, por isso ele não "enjoa" seus jogadores.

Então ele é sim um jogo de corrida, mas com muitos caminhos, muitos mesmo, e isso ameniza o fator de acabar subitamente. Tem que ficar esperto mesmo o tempo todo.

Pedagogicamente falando é um excelente jogo para ensinar a criançada a chegar ao mesmo resultado por diferentes caminhos. Mostrar às crianças a "logística" necessária para otimizar as coisas é muito bacana, "faça isso primeiro, aí terá material para fazer aquilo depois". Isso faz muito sentido e ajuda demais às crianças pensar estrategicamente. Há dinheiro na jogada, envolvendo tokens de dinheiro, estimula os cálculos matemáticos básicos de adição, subtração, multiplicação e divisão. Se organizar financeiramente faz todo o sentido. Explore Istanbul e retire muita lição para a criançada.

Eu avisei que, em algum momento, iria falar da importância do tempo em Istanbul. Pois bem, o motivo que faz o tempo em Istanbul ser tão importante é que o jogo sempre pode acabar a qualquer momento, ou seja, quando um mercador adquirir um número “x” de rubis, o fim do jogo é disparado.

Os jogadores concluem seus turnos para que todos tenham a mesma quantidade de turnos e nessa hora o desespero é total, pois no mínimo você deve empatar em quantidade de rubis com quem disparou o fim do jogo ou, se conseguir, ultrapassá-lo. Em caso de empate outros critérios serão levados em consideração: dinheiro, bens, etc.

Este é Istanbul, um jogo com alta rejogabilidade, vai da sorte dos dados até a estratégia apurada otimizando ações. Recomendo Istanbul na sua coleção!