Review de Zombicide: tente sobreviver no caos

Bem vindo ao Apocalipse Zumbi!!!

Acreditem se quiser, mas eu nunca fui ligado em nada com tema de zumbi, sempre achei meio trash, sem noção, e outros adjetivos que não cabem aqui. A partir disso, séries como The Walking Dead passaram sendo ignoradas sumariamente por mim. Não sou desse planeta? Não sei, às vezes eu acho que sim... O fato que é que nem filmes premiados, como por exemplo Eu Sou a Lenda, eu assisti, e olhe que adoro filmes com Will Smith.

Minha rejeição ao tema é tão grande que nem clipes musicais com zumbis eu gosto, cito como exemplo, Thriller, de Michael Jackson, não me desce até hoje. Bem, o velho ranzinza que aqui os escreve já disse também que não curte jogos online nem em consoles (definitivamente devo ser de outro planeta), isso também me afastou de jogos como The Last of Us (não exclusivamente de zumbis), mas com a mesma pegada. Bem, isso foi real até me deparar com Zombicide!

Eu adoro Board Games, até aí nenhuma novidade, mas até o ponto desse “suporte” me fazer gostar do tema zumbi já é outra conversa. Eu não me dei por vencido rapidamente, acabei criando barreiras que o próprio jogo no explicar das regras foi desmistificando e fazendo parecer interessante, ao ponto de eu me permitir jogar e acreditem: gostei demais!!! Explicarei os motivos adiante.

Temos aqui Zombicide, um jogo que mistura muitas mecânicas (o que é bom) que o tornam muito imersivo, eu explico: gestão de mão, o fato de ser cooperativo, os jogadores têm diferentes habilidades, há rolagem de dados e o tabuleiro é modular. Explicarei um por um para mostrar a vantagens das mecânicas unidas.

A gestão de mão faz todo o sentido no cenário, na medida em que você tem que gerenciar o que tem nas mãos para enfrentar os zumbis, isso é bem real em termos de peso ou quantas mãos se usa para uma determinada arma ou ferramenta. O jogo é cooperativo, faz muito sentido, visto que a quantidade de zumbis é sempre maior, então trabalhar como equipe é necessário. Os personagens dos jogadores têm diferentes habilidades, nada mais justo em se tratando de pessoas diferentes, na vida real é assim, e é bom que seja assim, nos completamos.

A rolagem de dados traz o fator sorte, afinal, em um ambiente com zumbis tudo é imprevisível, os dados nos trazem isso, a imprevisibilidade. Bem, e finalmente o tabuleiro modular nos permite criar e recriar vários cenários aumentando exponencialmente a rejogabilidade de Zombicide. Estão vendo os motivos de Zombicide ganhar minha atenção?

Trata-se de um jogo de 1 a 6 jogadores dos designers Raphaël Guiton, Jean-Baptiste Lullien e Nicolas Raoult, no Brasil veio pela Galápagos e é para jogadores 13+. Para quem gosta de miniaturas, Zombicide é um prato cheio.

Outra coisa muito legal de Zombicide são as expansões, são muitas, e as Aventuras, fora as que já vem com o Board Game, há muitas disponíveis na internet nos repositórios de jogos nacionais e internacionais (Ludopedia e Board Game Geek). Sem falar que os sites de jogos online, artigo que já abordei aqui na CardsRealm, também disponibilizam Zombicide, além é claro, das versões em App para celulares.

Jogar Zombicide é simples, divertido, dedutivo e realista. Vejamos, há sempre uma missão, por menor que seja. Vocês estão escondidos, seguros, mas sempre falta algo, seja comida, água, ou qualquer outro objeto, seja lá o que for, mas queiram vocês ou não, é necessário sair “da toca” e se arriscar.

Por vezes, atravessar a rua pode ser o seu maior desafio: Zombicide é assim, não te dá chance de respirar. É uma tensão boa de forma permanente. Não há como passar despercebido por esse jogo, ou melhor, durante o jogo. Ou você está ligado, pensa em grupo, ou seu personagem é capturado. Cumprir os objetivos é necessário, mas mais do que isso, é necessário sobreviver, e não pense que isso é fácil em Zombicide.

O jogo traz muitos fatos reais para o tabuleiro, coisas óbvias, mas que no gameplay fazem toda a diferença. Por exemplo, uma ferramenta como o machado pode fazer o maior barulho ao quebrar uma porta, e barulho chama a atenção dos zumbis, mas a mesma ferramenta não faz barulho se for usada em um combate corpo-a-corpo. Então usar a ferramenta certa na hora certa faz todo o sentido.

Matar zumbis é muito importante, não apenas para sua sobrevivência ou para o bem da missão com um todo, mas para seu próprio personagem, ele vai ganhando mais habilidades conforme vai eliminando os zumbis, desde mais ações, mais velocidade, e mais habilidade com ambas as mãos. Tudo é treino e se aprende com o tempo, mas eliminando zumbis.

Mas então é só traçar uma boa estratégia, agir furtivamente e é sucesso garantido? De forma alguma, e ainda bem que não é assim! Os zumbis, assim como os personagens dos jogadores, possuem habilidades diferentes, uns são extremamente lerdos, daquele “velho tipo de zumbi” já conhecido, se arrastando. Há o balofo, obviamente mais resistente. As abominações são os mais difíceis de matar, e tem ainda os corredores, zumbis que realmente se movem mais rápido, dificultando a vida dos personagens dos jogadores.

Como se isso não bastasse, suas habilidades diferentes, os danos necessários para matá-los também diferem entre eles. Quer mais? Tome! Eles dão pontos de experiência diferentes para os personagens dos jogadores evoluírem em suas habilidades. Então, até escolher qual zumbi matar é importante!

O combate com os zumbis pode se dar no combate corpo-a-corpo e a distância. Ambas opções têm vantagens e desvantagens. Se for um zumbi lerdo, um combate corpo-a-corpo pode ser suficiente, e se não fizer barulho, melhor ainda. Essa situação não é a mesma se estiver diante de um balofo ou abominação, aí um combate corpo-a-corpo não é recomendado, ao menos que você não queira sobreviver.

Usar uma arma para um ataque à distância é vantajoso para manter os zumbis a distância, mas faz barulho, acaba chamando mais zumbis. O fato é que às vezes somente essas armas darão conta dos zumbis, e não falo só de armas, falo também de coquetel molotov, dentre outras coisas que explodem à distância.

É necessário estratégia na hora de enfrentar os zumbis, chamar a atenção deles pode ser bom, as vezes até necessário, em prol de um bem maior, mas tudo isso tem que ser muito bem pensado. O fato é que todo final de turno entram novos zumbis em jogo, afinal, é uma horda!

Não fazer barulho é imperativo em Zombicide, isso atrai os holofotes para si, mas saber usar o barulho a seu favor, aí sim é um bom uso dessa possibilidade. Fazer com que barulhos aconteçam em áreas diferentes da que vocês estão ou desejam estar faz muito sentido e é uma ótima distração para os zumbis, assim vocês ganham tempo, e tempo é crucial em Zombicide.

A estratégia em cada caso, em cada objetivo é primordial, só assim conseguirão alcançar os objetivos. Haverão sacrifícios dos personagens dos jogadores? Talvez sim, um herói dentre os personagens tenha que dar a vida pelo grupo, ou pelo bem maior, mas saiba que isso é normal em Zombicide, o que se tenta é minimizar as baixas.

Zombicide pode terminar de 2 formas: com derrota, quanto todos os sobreviventes são eliminados pelos zumbis, ou com vitória, quando todos os objetivos foram alcançados, mesmo que as custas de sacrifícios de outros jogadores. Por se tratar de um jogo cooperativo, todos os jogadores vencem nesse caso.

Particularmente, jogos que simulam a realidade com precisão ganham minha atenção. Zombicide caiu nas minhas graças por conta disso. Nunca fazer silêncio foi tão necessário, agir furtivamente é crucial, e você pode levar isso para o jogo gerando muita imersão.

Explicar para os menores que suas ações geram consequências, é algo que pode ser usado ao extremo aqui, nada passa despercebido. Isso dá senso de responsabilidade e espírito de equipe, de partilha. Jogos cooperativos acabam servindo para fazer brotar o líder que existe em você (se é que existe), e é muito utilizado em treinamentos coorporativos, acreditem!

Noções de realidade transportadas para o tabuleiro talvez seja a maior contribuição de Zombicide, por isso recomendo o jogo em sua coleção!