Reykholt
Reykholt é uma cidade real na Islândia, mais especificamente no vale de Reykholtsdalur, com apenas 84 mil habitantes. É conhecida pelo uso da energia geotérmica. A cidade e a região ao redor aproveitam fontes termais naturais para aquecer casas, banhos e estufas agrícolas, o que conecta sua tradição histórica com práticas modernas e sustentáveis.

Próximo à cidade de Reykholt há uma estufa chamada Friðheimar, muito visitada por turistas. Lá é possível almoçar dentro da estufa, com pratos à base de tomates ali cultivados. É quase uma experiência gastronômica contínua, embora não seja um festival formal.

A escolha de Reykholt não foi à toa; o designer do jogo, Uwe Rosenberg, visitou a Islândia e ficou fascinado com a agricultura local feita com energia geotérmica. A ambientação do jogo é baseada nesse tipo de produção sustentável.
O jogo leva esse conceito para o tabuleiro: os jogadores são agricultores tentando produzir e entregar vegetais locais (como tomate, alface e couve) para turistas, todos produzidos em suas estufas geotérmicas, que permitem o cultivo de vegetais frescos mesmo em climas frios.
Vamos para Reykholt!
Ad
Dados do Jogo
Reykholt é um jogo para 1 a 4 jogadores, para maiores de 14 anos, do designer Uwe Rosenberg. A arte ficou por conta de Klemens Franz e Lukas Siegmon.

Reykholt foi lançado em 2018 pela Frosted Games e veio para o Brasil em 2019 pela Galápagos. Quanto às mecânicas, a principal (e minha preferida) é a alocação de trabalhadores.

O designer de Reykholt, Uwe Rosenberg, é responsável por mais de 190 jogos que levam sua assinatura; ele é um designer e tanto. Seus jogos privilegiam a gestão e a estratégia, mas são bem punitivos com quem não as aplica bem. Alguns de seus jogos mais famosos são: Agricola, Caverna, Le Havre, Patchwork, Bohnanza, Um Banquete a Odin, entre outros.
Vamos ao jogo!
O Jogo
Ad
Cultivar tomates, alface ou cenoura na Islândia pareceria uma ideia absurda, mas não na cidade de Reykholt. Usaremos a energia geotérmica em nossas estufas para cultivar vegetais e atender às demandas dos turistas. Precisamos gerenciar a quantidade de nossas estufas e o que plantamos nelas. O tempo é curto, e a má gestão pode nos impedir de atender os turistas, o que seria muito prejudicial. A temporada turística se aproxima; você está preparado para receber os turistas?
Esse é o cenário de Reykholt!
A ideia geral é cultivarmos vegetais em nossas estufas geotérmicas e atender às demandas dos turistas. Para isso, temos que administrar o plantio e a colheita para termos os vegetais certos na hora certa. Mais estufas em nossa propriedade permitem maior produção para semear e colher. Fazer comércio também é importante, pois garante os vegetais que nos faltam. Além disso, buscar ajuda na Prefeitura nos trará mais mão de obra e apoio no atendimento aos turistas. Gerencie tudo isso, atenda mais turistas e vença em Reykholt!
O setup é simples: basta colocar o tabuleiro central no meio da mesa, as cartas de estufa separadas por tamanho ao lado, bem como as estufas aleatórias.

Escolha um dos decks de cartas de serviço, embaralhe-o e sorteie 5 cartas desse deck, colocando-as na mesa. Ao lado delas, coloque 3 vegetais empilhados (1 cogumelo na base, 1 alface no meio e 1 tomate no topo). Em seguida, coloque os tiles de rodada empilhados na mesa, do número menor para o maior.

Coloque os tokens de vegetais em suas respectivas caixinhas e os tiles de vegetais ao lado.
Ad

Cada jogador escolhe uma cor, pega sua carta de apoio, seus 3 tokens de trabalhadores e seu token de gerente. Defina o primeiro jogador e entregue-lhe a carta de primeiro jogador. Por fim, cada jogador coloca seu token de gerente na primeira casa do tabuleiro central, ou melhor, no Indicador de Turismo. Pronto!

Em Reykholt, um turno é bem simples e possui apenas 4 Fases, ou Momentos:
- Fase 1: Momento de Trabalho;
- Fase 2: Momento de Colheita;
- Fase 3: Momento de Turismo E
- Fase 4: Momento de Descanso.
Ad
Na Fase 1, ou seja, no Momento de Trabalho, é hora de alocar nossos trabalhadores. A começar pelo jogador inicial, ele coloca seu primeiro trabalhador e executa a ação do local. Em seguida, o jogador à sua esquerda faz o mesmo, e assim sucessivamente, até que todos tenham alocado e executado as ações de seus 3 trabalhadores.

Sobre onde alocá-los, há 4 colunas com diferentes possibilidades:
- 1ª Coluna - Propriedades: basicamente onde conseguimos novas estufas, semeia-se e colhe-se muito pouco;
- 2ª Coluna - Campos: onde se semeia e colhe de fato;
- 3ª Coluna - Comércio: onde conseguimos produtos sem semear ou colher; E
- 4ª Coluna - Prefeitura: onde contratamos serviços e descartamos vegetais e/ou estufas em troca de outras vantagens.

Ad
As ações desta Fase podem ser potencializadas pelas Cartas de Serviço contratadas na Prefeitura, não se esqueça disso.
Agora, na Fase 2, ou Momento de Colheita, é hora de colher os produtos de nossas estufas. Em resumo, colhemos “uma vez” em nossas estufas que possuam algo plantado. Não colhemos tudo; colhemos apenas “uma vez”, ou seja, um item de cada estufa. Isso significa que, em uma estufa de 4 lugares, colheremos apenas em um desses locais.

Chega a hora do ápice do jogo, a Fase 3, o Momento de Turismo, hora de atender os turistas. Especialmente nesta fase, a vez não segue a ordem do primeiro jogador, mas sim do jogador que tem seu gerente mais à frente nas mesas dos turistas.

Nessa fase, você avança seu gerente, servindo as mesas de acordo com as demandas dos turistas, tanto quanto puder ou quiser.

A grande sacada dessa Fase 3 é o bônus, que deve ser usado. Você pode optar por usá-lo antes, durante ou depois de servir as mesas dos turistas. É simples:
Ad
- se já não tiver o primeiro produto para atender os turistas, use o bônus: receba esses produtos, avance e sirva as demais mesas;
- se não tiver o produto durante o atendimento, use o bônus: receba esses produtos e continue avançando para servir as demais mesas; OU
- sirva as mesas, e quando não tiver mais os produtos, use o bônus: receba esses produtos e avance apenas mais uma mesa.
No exemplo da imagem a seguir, o gerente do jogador serviu a couve-flor. Como não tinha a cenoura, usou o bônus, recebeu a cenoura e seguiu servindo 2 tomates na próxima mesa, e então parou.

Em resumo, o bônus deve ser usado. Ele o ajuda a avançar por mais uma mesa, atendendo às demandas dos turistas para que você não interrompa o atendimento. Isso é extremamente útil!
Por fim, a Fase 4, ou Momento de Descanso, onde recolhemos nossos trabalhadores e avançamos para o próximo turno.

Ad
Agora é só passar a carta de primeiro jogador para o jogador à sua esquerda.
Este é um turno de Reykholt!
Fim da Partida
O jogo termina se, durante a Fase 4, ou seja, no Momento de Descanso, o último tile de rodada for descartado.
O jogador que estiver mais à frente nas mesas, ou seja, no Indicador de Turismo, vence a partida. Em caso de empate, dentre o empatados, o jogador que estiver na frente da mesa é o vencedor (ou seja, o jogador que chegou na mesa por último).
Simples assim!
Dicas Estratégicas
Os jogos do designer Uwe Rosenberg têm algumas características em comum, o que define o perfil do designer:
Ad
- são apertados, no sentido de que você consegue as coisas, mas poucas unidades;
- sensação de nunca ter feito tudo o que era necessário; E
- é sempre baseado em escolhas: é o famoso “cobrir um santo e descobrir o outro”.
Com Reykholt não seria diferente: são apenas 3 trabalhadores para cada jogador. Ou seja, ou gerenciamos isso corretamente, com ações bem pensadas estrategicamente, ou ficaremos realmente para trás. O jogo privilegia boas estratégias, um trabalho bem coordenado entre os trabalhadores, os serviços da Prefeitura, o plantio e a colheita na hora certa, e o comércio. Ponto para o designer!
Ainda nessa mesma “pegada”, saiba que nas colunas de ações das pontas (a da esquerda, Propriedades, e a da direita, Prefeitura), você só pode colocar um trabalhador seu em cada uma delas. Nas demais colunas, é permitido alocar mais de um trabalhador. Fique atento a essa exceção, pois essas são ações que fazem a diferença.
Então, com base nisso, aqui vão algumas dicas estratégicas de quem já perdeu e já ganhou em Reykholt:
Use os serviços da Prefeitura já no início do jogo, por motivos óbvios, para obter ajuda em todos os turnos. Inclusive, a ação de compartilhar uma carta de serviço pode fazer ainda mais sentido, ou seja, um serviço contratado da Prefeitura por outro jogador também o beneficiará. É excelente!
No meio do jogo, as ações do Campo e do Comércio (as duas colunas de ações do meio) se mostram bastante úteis para momentos de emergência, quando falta um produto para atender uma mesa de turistas. Uma colheita mais rápida em apenas uma estufa, um plantio em várias estufas, ou mesmo buscar produtos no comércio, tudo isso serve para atender as demandas dos turistas.
Ad
Quando for o Momento do Turismo, planeje-se, tendo os produtos certos e levando em consideração o bônus, para avançar no Indicador de Turismo, ou seja, atendendo mais turistas. Sabendo se organizar entre ter os produtos certos e usar o bônus com sabedoria, é possível avançar bastante e atender vários turistas. Caso contrário, você fatalmente ficará para trás. O jogo pune mesmo, sem dó nem piedade!
No final, ou seja, no último turno, as ações da Prefeitura, como descartar estufas para avançar algumas mesas de turistas, podem fazer muito sentido e ser a diferença entre a vitória e a derrota. Use com sabedoria e no momento certo.
Use sua estratégia, semeie e colha na hora certa, atenda bem os turistas e vença em Reykholt!
Vídeos de Unboxing, Regras e Gameplay
Curta o Unboxing:
Assista a um vídeo de Regras:
Ad
Confira um Gameplay:
Dicas Pedagógicas
Se você procura um jogo com alta carga cultural, componentes lindos, fácil de jogar e que trará excelentes estímulos ao seu filho, Reykholt é o jogo ideal!
Comece a apresentação do jogo com a rica história cultural que envolve a cidade de Reykholt. Na introdução deste review, dei uma ideia geral, mas a história e a cultura da região são fantásticas. Invista um tempo nisso com as crianças; tenho certeza de que o jogo terá outra “pegada” se elas entenderem como se plantam vegetais de forma sustentável em um local inóspito.
Os componentes são lindos, os tokens de vegetais são perfeitos, o tabuleiro é totalmente icônico, fácil de entender e de jogar. Enfim, tudo vai encantar as crianças. As caixinhas dos vegetais são um caso à parte: maravilhosas.
Os estímulos de raciocínio lógico-matemático estarão presentes durante todo o jogo. Afinal, elas terão que se planejar para semear, colher e entregar nas mesas, a fim de atender às demandas dos turistas. A logística será fundamental para que tudo funcione “como um relógio” e nada falte. Toda essa gestão e estratégia são um grande estímulo vindo de um jogo tão bacana.
Gerir seus vegetais e estufas, e estrategicamente escolher como usar seus trabalhadores, fará com que as crianças se vejam em várias situações de escolhas e decisões que impactarão suas plantações e o atendimento aos turistas. Isso é muito divertido e estimulante!
Ad
Os cálculos dos custos para atender as demandas dos turistas exigirão raciocínio lógico-matemático, já que no jogo não há “troco”: é preciso entregar a quantidade exata ou não se pontua completamente. Isso é um exercício e tanto para as crianças.
Outra coisa que vai divertir as crianças é ver o processo de plantio e colheita, e como seus esforços se traduzem em vegetais para os turistas. Elas vão "degustar" cada etapa do processo e se divertir com a ideia de cultivar alimentos mesmo em um lugar frio.
Pedagogicamente, Reykholt dá uma aula de cultura, estimula a gestão, a estratégia, a tomada de decisão, o raciocínio lógico-matemático e, além disso, diverte!
Recomendo Reykholt em sua coleção!!!
— Comentários
0Seja o primeiro a comentar